segunda-feira, 20 de abril de 2015

Versão inicial do nosso Projeto






Ponto de partida…
Consideremos a Terra como estando aprisionada num cobertor de gases, tais como vapor de água, dióxido de carbono e metano... Este cobertor isola a Terra aprisionando calor, por um efeito igual ao dos vidros numa estufa.
Sem este cobertor de gases de efeito de estufa, a Terra seria um local demasiado frio e desconfortável, incapaz de suportar a vida conforme a conhecemos.
Contudo, a Terra possui ciclos naturais que vêm sendo perturbados pela atividade humana, mantendo o “botão” do seu termóstato carregado até ao fundo. Esta aceleração, daquilo que seria um processo lento e natural, levará inevitavelmente a máquina do clima a reagir para além do nosso controlo...
                                                               Resumido de: www.cnn.com/specials/1997/global.warming/causes
Já não é nova a noção de que existe uma dependência crítica deste “cobertor”… somos já sete mil milhões (7.000.000.000)… A população mundial quadruplicou em pouco mais de um século, e o meio ambiente reflete os efeitos deste fenómeno.
Recorreremos unicamente a casos simples, essencialmente pequenas moléculas representativas, integradas nos conteúdos lecionados para o estado gasoso, categorizadas pela sua presença e/ou consequências.

Os líquenes são seres vivos muito simples que resultam de uma associação obrigatória indispensável – simbiose – que se estabelece entre uma cianobactéria (o fotobionte) e um fungo (micobiante). O fungo compõe a maior parte da estrutura (talo) e protege a alga contra a dessecação e temperaturas extremas e a cianobactéria produz alimento através da fotossíntese e fornece esses nutrientes ao fungo.
Os líquenes são os primeiros colonizadores de um habitat terrestre, uma vez que, atendendo aos benefícios da sua relação simbiótica, apresentam uma elevada capacidade de adaptação às condições ambientais que os rodeiam.
Para que o líquen se estabeleça num determinado ambiente é necessário que este possua um ar limpo e isento de poluição, uma vez que são altamente sensíveis a compostos de enxofre, nitratos e muitos outros materiais pesados que possam ser encontrados na atmosfera, na água ou no solo. Deste modo, os líquenes são “bons indicadores da poluição, porque funcionam como um filtro biológico que retém todos os elementos do meio que os rodeia, designadamente compostos de enxofre, nitratos e muitos metais pesados da atmosfera, da água da chuva ou do substrato, e acumulam esses elementos no talo em quantidades que seriam fatais para os seres vivos.”                                                                                                                                                                       (Salsa et al., 2014, p. 113)
Os poluentes originam alterações morfofisiológicas nos líquenes, que se traduzem na sua distribuição e no número das suas comunidades de um determinado local. Assim, torna-se possível inferir o estado de pureza de um determinado local com base na presença e no número de comunidades destes seres vivos.
“É, assim, possível relacionar a presença ou a ausência de espécies de líquenes (epífitos), o seu número, frequência e cobertura, em troncos e ramos de árvores, com o grau de poluição da área em estudo.”
(Salsa et al., 2014, p. 113)
Os líquenes podem ser classificados em categorias, consoante as diversas características que apresentam, nomeadamente a forma como se fixam ao substrato, o tipo de talo e os órgãos reprodutivos. Deste modo, existem os líquenes crustáceos, que se fixam ao substrato rochoso ou casaca da árvore, sendo difícil a sua remoção; os líquenes foliáceos, que possuem forma laminar e que podem ser removidos sem danificar a superfície onde estão fixos e os líquenes fruticulosos, com forma arbuscular, unidos ao substrato num único ponto (Salsa et al., 2014).

Contextualização escolar

A escola, enquanto instituição, não se assume unicamente como transmissora de conhecimentos, mas também como agente de educação para os valores e promoção da literacia científica (Costa, 2008). Assim, de acordo com a Lei de Bases do Sistema Educativo, educar para a literacia científica é dotar os jovens de um conjunto de experiências e vivências que lhes permitam ter um papel ativo na sociedade, manifestando ativamente a sua opinião em assuntos ou temas que influenciem o meio ou a população na qual estão inseridos (Ministério da Educação, 2001).

O estudo dos líquenes e das suas características enquanto agentes de monitorização da qualidade do ar reverte para uma análise científico-pedagógica, bem como uma aquisição de competências e clarificação de ideias acerca do meio ambiente onde estão inseridos. Neste quadro, a transversalidade entre as disciplinas de Físico-Química e Ciências Naturais assume um caracter dinâmico e indispensável na aquisição de competências e promoção da literacia científica nas áreas do saber ser e do saber intervir na sociedade e na proposta de soluções para melhorar a qualidade de vida do ser humano.
O estudo das relações bióticas é uma dos conteúdos que constam das metas a atingir na disciplina de Ciências Naturais do 8º ano de escolaridade. Nas relações bióticas é estudada a relação de simbiose que se estabelece nos líquenes e os seus benefícios enquanto estrutura individual e na sua globalidade – efeito bioindicador da qualidade do ar. Este conteúdo relaciona-se de forma sequencial com outros conteúdos abordados na disciplina de ciências, nomeadamente com a poluição e preservação e conservação das áreas naturais. Relaciona-se igualmente (transversalmente) com a disciplina de Físico-Química, no âmbito das partículas que constituem a atmosfera e nas reações químicas de combustão, responsáveis pela principal produção de poluentes gasosos, bem como, na reacções ácido-base, na produção de ácidos na atmosfera (com consequência na acidificação dos aquíferos).
Considerando que a articulação entre os saberes das diversas disciplinas é uma condição fundamental para a promoção da literacia científica, surgiu a oportunidade de realizar um projecto de investigação entre as áreas das Ciências, no sentido de colocar os jovens perante uma situação real, da sua área de envolvência e levá-los a efetuar estudos e a analisar dados, propondo soluções que visem a melhoria do seu espaço de envolvência.
Este Projeto terá ainda uma forte interligação com a Biblioteca Escolar, dentro do seu Plano de Ação, pois integra um subprojeto na área da Literacia da Informação, estando a ser explorado o domínio do Património (Ambiental nesta parceria).

Projeto (fases de aplicação)
Na primeira fase da atividade de Projeto propomos que os alunos utilizem a compreensão das unidades estruturais da matéria e a linguagem da química, na construção (em modelo) de algumas moléculas presentes à sua volta, e que reconheçam alguns dos principais indicadores e agentes ambientais de classificação da qualidade do ar e da água (anexo 1).
Como o Projeto também surge como resultado de uma atividade de enriquecimento “Saber +” (proposta pelo caderno do professor de Ciências Naturais) será uma parceria fundamental com a disciplina de Físico-Química.
A fim de avaliar a qualidade ambiental na envolvência do Aterro Sanitário, o Projeto visará também o estudo do meio ambiente e dos líquenes como bioindicadores da qualidade do ar.

Numa segunda fase, proceder à identificação e reconhecimento da proveniência de algumas substâncias contaminantes de origem natural e antropogénica (ao estudar alguns fenómenos naturais e as reações químicas de combustão, bem como, os ácidos e as bases…) e as consequências da sua produção em quantidades acima do desejável (anexo 2).
Este estudo utilizará também a enorme sensibilidade dos líquenes à poluição, o que conduz, na maior parte das vezes, à sua morte. Assim, o projeto atende a dois pressupostos:
i) avaliação da diversidade: algumas espécies de líquenes desaparecem quando estão sujeitas à poluição.
ii) bioacumulação: relação da distância física ao foco de poluição (quanto maior for a distância, menor será a interferência no número de líquenes existentes) – anexo 3.

Numa terceira fase, os alunos poderão partir do conhecimento das principais fontes de emissão de poluentes gasosos e hídricos (identificadas no contexto dos estudos preliminares), desenvolvendo atividades de intervenção dirigidas à necessidade de depuração ou purificação do manto gasoso envolvente e dos recursos hídricos locais, em Projetos, parcerias com a Biblioteca, Autarquia e/ou outros de âmbito nacional… 

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